Descrição
VOTO DE NEGRO OU VOTO DE BRANCO?
A polarização Esquerda/Direita como fruto da questão racial brasileira no histórico das eleições
Produção editorial
Projeto Gráfico: Assessoria de Comunicação Social do Ifes
Revisão de texto: Mariana de Carvalho Ferreira (GM Editorial)
Diagramação e epub: Ana Carolina Pereira (GM Editorial)
Capa: Higor Ferraço da Silva (Edifes)
Muito já foi escrito acerca do racismo no Brasil. Ainda assim, é interessante notar que a temática continua a gerar controvérsias e lutas acaloradas nas mais variadas esferas da sociedade brasileira, sobretudo quando se trata de levar o tema para a justificação de direitos e políticas de cunho igualitarista, como, por exemplo, as chamadas ações afirmativas.
O debate sobre as relações raciais traz à tona construtos demasiado ricos para se pensar uma questão que está na ordem do dia há tempos e que acabou por gerar verdadeiras escolas teóricas para se pensar a temática por essas terras. Aquelas que foram chamadas por Vinícius Rodrigues (2008) de Democracia Racial e Escola Multiculturalista ganharam nova roupagem, discursos e adeptos.
Confrontando as duas posições teóricas antagônicas que daí surgiram (Continuum de Cor e Racismo Estrutural), em relação às questões como identidade negra, ações afirmativas, cotas raciais, acesso aos bens públicos, etc., o presente trabalho pretende lançar nova luz sobre a temática racial, tendo como objeto a interface voto/raça, tão pouco pesquisada por essas terras.
Partindo da premissa de que o racismo brasileiro é mesmo estrutural, isto é, que no Brasil existem “procedimentos institucionais que produzem desigualdade racial, ainda que nem sempre se possam perceber posturas racistas explícitas” (JONES, 1997), este trabalho entende que, a partir da tese publicamente aceita de que a genética não pode ser utilizada para ratificar ou refutar questões sociais como o racismo, a temática da desigualdade social oriunda de tal questão pode ser mais ricamente discutida.
Se tal negação da existência do racismo – por conta dos estudos em genética que mostram a inexistência de diferentes raças entre os humanos – for confrontada com os números da desigualdade racial de renda e acesso a bens públicos da nação, abre-se um campo ainda mais vasto para o debate.
Ainda que as relações raciais seja já um tema bastante debatido, fomentando posições ideológicas e linhas teóricas bem distintas, é curioso perceber que a interface voto/raça ainda é pouco estudada no Brasil. São pouquíssimas as referências acerca dessa interface, o que faz com que este trabalho seja uma contribuição a mais para a literatura acerca de uma temática ainda bem pouco explorada.
Neste sentido, por conta de uma escassez de textos que contemplam mais diretamente a relação raça/voto, esta tese se desenvolverá pelo viés de pesquisa, partindo do mais geral para o mais particular, uma vez que contemplará, num primeiro momento, o comportamento eleitoral de forma mais ampla.
Seguindo-se a isso, o comportamento eleitoral dos brasileiros ganhará destaque, trazendo, como estudo de caso e recorte mais delimitado, as eleições presidenciais de 2010, quando, a pedido do Movimento Negro, a variável cor/raça foi incluída numa pesquisa de intenção de voto de um grande e conhecido instituto.
Se em um primeiro momento a intenção é contemplar o comportamento eleitoral de uma maneira mais geral, em um segundo interessa uma análise da apropriação das teorias sobre o comportamento eleitoral para o caso dos brasileiros – sobretudo o comportamento de negros e negras – e uma análise dos dados de uma pesquisa Ibope de 2010, focando as intenções de brancos e não-brancos, que foi o que instigou o presente trabalho.
Assim, a intenção é construir um modelo explicativo para a intenção de voto em Dilma em 2010, atentando-se para as variáveis que explicam a intenção de voto dos brancos e não-brancos nas eleições presidenciais daquele ano. Dessa forma, poderemos perceber também, por intermédio de uma metodologia socioantropológica, com entrevistas e estudos de caso e de percurso histórico de alguns tipos ou perfis de eleitores, as características demarcatórias apresentadas pelos eleitores de Dilma e de Serra, levando-se em conta algumas variáveis já tidas como clássicas, oferecidas pelos dados da pesquisa Ibope que inspirou o presente trabalho.
De modo a explicar sistematicamente, então, os primeiros capítulos se preocupam com as principais teorias e modelos de comportamento eleitoral, contemplando as perspectivas sociológica e psicossociológica, bem como a perspectiva economicista da teoria da escolha racional.
Assim, passando pela teoria downsiana, pela contribuição da Escola de Michigan e pelas contribuições que articulam a Psicologia e a Sociologia, o intuito de tais capítulos é explicar o comportamento dos eleitores em relação às candidaturas, sendo também um recorte em nível mais local, uma vez que é possível encontrar trabalhos importantes que analisam a apropriação das teorias acima citadas para a compreensão do comportamento eleitoral no Brasil.
Na análise dos dados da pesquisa Ibope, via regressão logística, trabalho do quarto capítulo da presente tese, os números que, desagregados, em análises bi e trivariadas, foram os inspiradores deste trabalho, que surgiu após a leitura de uma reportagem de jornal, são analisados também agregadamente, num modelo multivariado para a explicação da intenção de voto em Dilma Rousseff em 2010.
Através de uma metodologia socioantropológica no campo de pesquisas, o quinto e último capítulo se preocupa em buscar as explicações de brancos e negros brasileiros acerca de sua intenção de voto, pretendendo, através de entrevistas em profundidade com oito eleitores-tipo, buscar uma dimensão mais qualitativa como contribuição para o estudo da interface voto/raça no Brasil.
Como já mostrado na apresentação da presente pesquisa, e lançando mão de um resumo dos números desagregados que instigaram a confecção deste trabalho, fica aqui apresentada a justificativa de tal investigação, já que chamou a atenção dos analistas políticos o montante de votos racializados que se foi, segundo alguns grandes veículos de mídia, possível encontrar nas eleições 2010. À luz de tais números, se construiu inferências para se pensar uma diferenciação do voto entre…
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